sexta-feira, 17 de maio de 2024

Carlota Joaquina por Francisco de Goya

La prueba concluyente e irrefutable es una carta de octubre de 1800 en la que se informa «que estase acabando un retrato de cuerpo entero de la Sra. Infanta Da Carlota que S. A. quiere enviar a España…» y se ordena preguntar a Goya si puede esperar la llegada de este retrato, a lo que contesta que sí. Cuando en 1804 se le vuelve a preguntar a Goya por qué no está aún terminado el cuadro de la Real Familia, contesta que desde que se le dio ese aviso en octubre de 1800 «hasta ahora no he tenido noticia de si se hizo o no el encargo».

Retrato de D. Carlota Joaquina (detalhe), autor desconhecido, óleo sobre tela
Palácio Nacional da Ajuda
Wikimedia


«Luego que se me pase este retrato, considero necesarios como unos quince días para concluir enteramente el quadro», añade. Estas dos cartas, y los cerca de veinte documentos relacionados con este asunto, documentan fehacientemente, sin ningún género de dudas, que ese cuadro de la Real Familia al que alude Goya en 1804 es el cuadro de la Real Familia que hoy cuelga en las paredes del Museo del Prado y que históricamente ha sido datado como ejecutado entre 1800 y 1801 (...)

La familia de Carlos IV, Francisco de Goya, 1801
Museo del Prado

Wikipedia

El problema es que en las semanas siguientes a esas comunicaciones de 1800, Napoleón y el Gobierno de España presionan a Portugal para que rompa relaciones con los ingleses. Pero Portugal no lo hace y españoles y franceses les declaran la guerra.

Con una guerra por el medio, el envío de ese retrato se paralizó. Estamos hablando de la llamada Guerra de las Naranjas, que estalla en enero de 1801. Y el retrato de Carlota Joaquina quedó en el olvido (...)

Godoy como general, Francisco de Goya, 1801
Museo del Prado
Wikipedia


Sabemos fehacientemente que el cuadro de Carlota Joaquina no salió de Lisboa hasta mediados de noviembre de 1804 (...)

Pero entiendo que el principal es que Goya en 1804 dice que, para concluir el cuadro, necesita que se le entregue el retrato de Carlota Joaquina por él solicitado (...)

Retrato de D. Carlota Joaquina, autor desconhecido, óleo sobre tela, 82x63,5 cm.
Palácio Nacional da Ajuda
Wikimedia


El 14 de diciembre de 1804 España se vio obligada a declarar la guerra a Inglaterra por saltarse todas las reglas conocidas entre las naciones. Me refiero el acto de piratería perpetrado por su Armada en tiempos de paz: atacó frente a las costas de nuestro país a cuatro fragatas españolas procedentes de Montevideo que iban cargadas con casi cinco millones de pesos fuertes en oro y plata y valiosas mercancías.

Entre ellas estaba la famosa fragata Mercedes, que llevaba a bordo a 249 españoles que regresaban a nuestro país, entre los que se contaban mujeres y niños. El Rey portugués llevaba tiempo haciendo caso omiso a las presiones españolas para que dejara de dar apoyo logístico a la Armada inglesa.

Carlota Joaquina, La familia de Carlos IV, Francisco de Goya, 1801
Museo del Prado

Wikipedia

¿Pudo quizás haber alguna presión para representar así a la Princesa Carlota Joaquina, de modo que esa representación escenificase la postura del país vecino de no atender nuestras peticiones después del tremendo suceso que causó estupor en la sociedad española? (1)


(1) Rubén Ventureira, Una investigación identifica a la mujer misteriosa de 'La familia de Carlos IV' y cambia la datación del cuadro, El debate, 21/04/2024

quarta-feira, 15 de maio de 2024

O príncipe regente na arte equestre

(...) ocorreram algumas inovações nos retratos régios antes da partida da corte, sobretudo graças a dois pintores de inspiração italiana, Domingos Antonio sequeira (1768-1837), talvez o maior artista português daquele período, e o veneziano Domenico Pellegrini (1759-1840), que morou em Lisboa entre 1802 e 1810.

EST.  II.
Dos potros no campo.
Manoel Carlos de Andrade, Luz da liberal, e nobre arte da cavallaria (1790)

Uma foi o uso do modelo equestre. Mas talvez por suas conotações marciais, esse tipo de retrato de dom João a cavalo logo desapareceu diante das primeiras derrotas militares (...)

Ainda que o costume de cavalgar seja típico da cultura aristocrática da Europa da época moderna e que o conhecido livro português sobre a arte da cavalaria de Manuel Carlos de Andrade (Luz da liberal, e nobre arte da cavallaria), publicado em 1790, seja dedicado a dom João, não se pode dizer que a identidade do príncipe e depois rei tenha sido marcada pela cavalaria. De todo modo, os retratos equestres têm um lugar especial na cultura visual.

O retrato equestre de dom João, de autoria de Domingos Antonio Sequeira, seguramente pela sua solenidade e elegância, tornou-se uma das imagens mais difundidas de dom João nos dias atuais. Trata-se de uma representação do príncipe regente passando revista às tropas no Campo do Quadro, nas cercanias de Azambuja, no ano de 1798.

Dom João, Príncipe Regente, passando revista às tropas na Azambuja
Domingos Sequeira, 1803
Google Arts & Culture


Consta que dom João teria assistido às manobras que envolveram 6.700 soldados sob o comando do tenente-general João de Ordaz e Queiróz. Trata-se, portanto, de uma cena militar, criada no início do século XIX.

A atribuição de autoria da tela do Museu Imperial, de Petrópolis, baseia-se não apenas na sua qualidade, mas por ser uma versão da tela intitulada O Príncipe Regente passando revista às tropas na Azambuja, da coleção do Palácio Nacional de Queluz.

As diferenças entre as duas versões são sutis.

Dom João, Príncipe Regente, passando revista às tropas na Azambuja
Domingos Sequeira (atribuído)
Google Arts & Culture

Na tela que pertenceu às coleções reais e foi trazida ao Brasil com a transferência da corte, o pintor firma com orgulho a sua autoria, assinando e datando: “Dos Ano de Siqueira inv e Pintou. 1803”. Ignore-se a diferença na grafia do nome – como até o século XX não havia propriamente, em Portugal, uma regra que obrigasse a uma escrita homogênea, pintores assinavam de maneiras diferentes. E nem sempre assinavam; sobretudo após ter marcado com tanta ênfase a sua criação.

O fato é que na tela que está no Brasil não há assinatura. Chama a atenção ainda que a tela assinada, mais elaborada, é um pouco menor do que a que está na coleção brasileira – mas até a diferença é pequena.

De outro lado, as personagens esboçadas no segundo plano à esquerda, as tropas alinhadas quase geometricamente e as carnações mais cruas na cara do cavalo, parecem indicar que a tela do Museu Imperial de Petrópolis é uma versão de estudo – o que não condiz com o seu tamanho pouco maior em relação ao quadro de Queluz.


Teria sido “duplicada” pelo próprio pintor para alguma função específica? Teria essa réplica sido interrompida por alguma razão? Ainda pouco estudado, o retrato no período de dom João ainda levanta questões e reserva surpresas.

O retrato em duas versões surpreende na cronologia, pois naqueles anos Portugal havia sofrido derrota contra a Espanha em 1801, na brevíssima guerra das Laranjas. Finalmente, a primeira invasão francesa, ocorrida em finais de 1807, desacreditaria quase completamente imagens como esta, do governante português postado sobre um cavalo em pose de general de exército à moda dos imperadores romanos.

A data da tela se coloca justamente entre os dois eventos militares em que as tropas portuguesas não saíram com a vitória.

Contudo, é conhecido outro retrato equestre ainda maior (306 x 246 cm) de autoria do pintor francês estabelecido em Portugal, Nicolas-Louis-Albert Delerive (v. artigo dedicado: Nicolas Delerive 1755-1818), sem data, atualmente em exposição no Palácio da Ajuda em Lisboa.

Nessa tela, dom João é representado com a insígnia da Ordem da Torre e Espada, o que indica que sua criação é posterior à transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, devido ao momento de instauração da Real Ordem, o que sugere ser da época das vitórias militares portuguesas sobre as forças napoleônicas no continente americano.

Retrato de D João VI a cavalo, Nicolas Delerive
Google Arts & Culture

Considerando que a primeira havia sido levada para o Brasil, esse novo contexto de feitos militares portugueses pode explicar a segunda versão da tela por sequeira em Portugal e a celebração do papel militar de dom João. No retrato equestre, observa-se que dom João é representado em farda militar de general.

O destaque do comandante é enfatizado pela imponência da pose do cavalo com sela e capa verdes de fino acabamento, bem como pelo chapéu preto debruado à cabeça, com barra dourada e penacho de pluma branca, que combina com as botas pretas de cavaleiro de cano alto com esporas. Tal como em outras telas da época, como, por exemplo, no retrato de Domenico Pellegrini, o príncipe regente está vestido com casaca vermelha bordada e calças amarelas.

Traja ainda sobre o torso as bandas da Ordem de Carlos III, de Espanha, e das Três Ordens Militares de Portugal, entrelaçadas, destacando-se pendente do laço a medalha oval das Três Ordens, tendo por baixo a medalha de Carlos III. (1)
Leitura relacionada:
Armando S. Ferreira, Uma coleção de retratos do Rei D. João VI 1767-1826, 2018

(1) António M. Trigueiros, Patrícia Telles, O retrato do rei D. João VI (...), 2019

Artigos relacionados:
Marialva por Beckford (a Quinta da Praia)
Domingos Sequeira, Cartuxa de Laveiras, Real Quinta, Trafaria e Cabo Espichel
Nicolas Delerive (1755-1818)

Leitura relacionada:
Armando S. Ferreira, Uma coleção de retratos do Rei D. João VI 1767-1826, 2018

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Expressionismos

The notion that all the significant achievements of German Expressionism occurred before 1914 is a familiar one. Until recently most scholars and almost all exhibitions of German Expressionist work have drawn the line with the 1913 dissolution of Die Briicke (The Bridge) in Berlin or the outbreak of the First World War in 1914 (...)

Left: Otto Griebel (German, 1895-1972), The Ship's Stoker (Der Schiffsheizer), 1920 (detail).
Right: Otto Dix (German, 1891-1969), Farewell To Hamburg (Abschied von Hamburg), 1921 (detail).

Peter Selz's pioneering study German Expressionist Painting, published in 1957, favored 1914 as a terminus as did Wolf-Dieter Dube's Expressionism (...)

Otto Griebel

After serving an apprenticeship as a house painter, he went on to the Kunstgewerbeschule in Dresden and began to produce his first paintings. From 1915 to 1918 he was a soldier and returned to become a member of Robert Sterl's master class (...)

His first group show was at the Galerie Emil Richter in 1919. (1)

The shirtless sailor tells a story through his tattoos. We can see (a six pointed nautical star (the polar star), meaning guidance on his right shoulder, and) the Star of David on his right shoulder and left wrist. There are also tattoos of a sailor, a nude woman, a hot air balloon, a serpent, a bottle, a helm, an Indian chief… even the painter’s autograph.



Otto Griebel (German, 1895-1972)
Der Schiffsheizer (The Ship's Stoker), 1920
Private collection

On the sailor’s chest is the image of two interlocked men wrestling, one is holding the American flag, while the other one is holding the Pan-Slavic flag. The tattoo reveals the political leanings of the sailor, but it’s also ominous in predicting the Cold War that would ensue three decades later.

Slightly frowning with a contemplative pose while smoking a pipe, the stoker is looking away from yet another place that he leaves. The woman in the distance is a reminder that there’s a girl waiting for him in every port, a small comfort in the harsh reality of his days.

Griebel was a protagonist of Dada and New Objectivity movement.

In 1933, after Hitler came to power, he was arrested and interrogated by Gestapo. His work was banned as ‘degenerate’ by the Nazis. (2)

Otto Dix

In the summer of 1921, Otto Dix visited the port city of Hamburg on the North Sea.

As he walked along the waterfront, he saw sailors on leave as they searched for pleasure on land. Along the red light district, Dix found brothels and prostitutes in abundance. It was a scene that may have helped reinforce earlier prejudices.

Otto Dix (German, 1891-1969)
Farewell To Hamburg (Abschied von Hamburg), 1921
Museum Gunzenhauser


During the war, Dix often held sailors in contempt. The High Seas Fleet was in harbor for much of the conflict. From the artist's perspective, its sailors were chasing prostitutes and drinking gratuitous amounts of alcohol while the Wehrmacht bore the brunt the war's burden.

Dix's interpretation of a sailor's life as a string of exotic encounters has been described by Ashley Bassie in Expressionism as "intentionally kitch." A sailor's longings last as long as the time between ports of call. (3)


(1) German expressionism 1915-1925 : the second generation
(2) Degenerate Art
(3) The Online Otto Dix Project