quarta-feira, 10 de maio de 2023

O Barão de Catânea

D. José Benetti, a quem, não sabemos porquê, deram em Lisboa o título nobiliárquico de Barão de Catânea, foi um celebrão da mais alta categoria, figura picaresca das ruas da capital no pri- meiro quartel do século passado, que mereceu entrar na galeria de Os Excêntricos do meu tempo, de Luís Augusto Palmeirim.

O Barão de Catânea (detalhe).
Almanak Popular para o Ano de 1849 cf. Olisipo n°93, 1961

Saber quem ele era e donde viera, foi trabalho de alguns investigadores. Supuseram-no italiano, à conta do seu inventado baronato, julgaram-no proveniente das terras brasílicas onde se entroncaria a sua linhagem, mas só a sua morte trouxe o conhecimento da sua origem e naturalidade.

D. José Benetti, o famigerado Curandeiro lisboeta, quase Taumaturgo na opinião de muitos, de um humanitarismo acabado, tratando de graça os robres à custa do que ganhava com os ricos estrangeiros que o procuravam amiúde, era súbdito inglês, nascido em Gibraltar no final do século XVIII.


Disse-se, no seu tempo, que um grande pesar de amor, causado por uma formosa gibraltina, o levou a deixar a terra natal. Passou a andar erradio, e acabou por ir parar ao Brasil, donde veio, em 1822, com o senhor D. João VI.

Camilo Castelo Branco, encontrando nas Memórias de Frei João de S. José Queiroz, Bispo do Grão Pará, o rasto de uma dama que se apelidava "de Catânea", e que vivia em S. Miguel de Guamá, freguesia deste bispado brasileiro, com o poder da sua imaginativa, logo a ligou ao filantrópico Barão, que assombrava a pacata Lisboa, com as suas extravagâncias de vestuário e as suas pitorescas benemerências.

Vendo na figura do célebre Curandeiro, uma fonte de curiosidades de romance, fá-lo filho de D. Cle- mência (ou D. Prudência) de Catânea, e origina da herança materna o caudal las suas liberalidades caritativas, e ainda lhe inventa duas irmãs, uma das quais põe a figurar no seu romance O Demónio do Ouro. Escusado será acentuar que tudo isto é uma das habituais fantasias camilianas.

D. José Benetti, veio realmente do Brasil, como se disse, e já em 1822, se dá como morador na Rua do Cura, anunciando na Gazeta um maravilhoso remédio para os dentes. No ano seguinte, residindo ainda na mesma rua, de novo o mesmo incipiente jornal relata uma espantosa cura por ele feita, e de aí por diante, Gazetas e Diários, não se fartam de apregoar as miríficas curas do Barão, cuja medicina não se sabe onde fora aprendida. Que ele era havido como médico, e o deixavam exercer a clínica não há dúvida.

O Barão de Alvaiázere, Físico-Mor do Reino, aceitara-lhe como boa, a documentação por ele apresentada em 1838, na qual intervinha uma licença passada por D. João VI, e o Cirurgião Aguiar seguira-lhe o exemplo. O povo não se importava com os títulos legais da profissão, e havia-o como verdadeiro pai-dos-pobres que tratava de graça e a quem muitas vezes socorria com dinheiro.

Em 1830, a sua fama já estava consolidada ao máximo. A notícia das curas que havia feito na Sicília, quando em 1814 residia em Palermo, e que ajudaram também os investigadores a supô-lo italiano, vinda na Gazeta daquele ano, propalara-se depressa. Talvez fosse de aí que se originasse o seu suposto Baronato.

Da Rua do Cura passou depois D. José Benetti a morar na de S. Francisco de Paula, n.º 37, numa casa pegada ao templo, e vizinha portanto da Rua das Janelas Verdes, moradia em ruínas, com os vidros das janelas quase todos partidos, e com um pátio onde frequentemente se acumulavam os seus doentes, entre uma chusma de pretos e pretas, e onde papagaios, macacos e outra bicharia beneficiavam da caridade do Barão.

Esse pátio era a antecâmara do seu consultório aberto a todas as horas, apetrechado de "máquinas físicas" de folha e de vidro, e de boiões e frascaria, panelas de barro e tigelas, onde se guardavam os unguentos, águas e ervas misteriosas do seu receituário. Os livros, que não sabemos se eram de ciência, arrumavam-se em barricas.

São inúmeras as curas que a imprensa da época noticia. Cegos que tinham recuperado a vista, paralíticos que passaram a mover-se e a andar, tuberculosos escapos à morte, manifestam o seu reconhecimento. D. José Benetti, não tinha um dia de descanso, e o pátio de S. Francisco de Paula enchia-se de soldados estropiados e lazarentos que saíam de lá sãos, a dar vivas a D. Maria II e a D. Pedro IV,  grito de que ele gostava muito, amigo e protegido da Corte como era.

Na sua clínica abundavam os ingleses. E não só a marinhagem miúda o procurava, quando acertavam de estar no Tejo barcos britânicos. De uma vez até tratou e curou com uma taça de sangue de boi, o Almirante de uma esquadra inglesa, segundo informa Palmeirim. Os soldados dos Voluntários Franceses, aquartelados em S. João de Deus, que tinham sido atacados de cólera, quando da epidemia qu e assolou Lisboa em 1833, tiveram no Barão o seu médico e o seu salvador.

Todos estes trabalhos não impeceram a sua bossa de festeiro nos acontecimentos constitucionais e de organizador de manifestaçõ es piedosas. Mandava dizer missas pelos membros da família real, pelo senhor D. Pedro IV,  pela Rainha D. Maria II , dava bodos e esmolas nos dias dos aniversários régios, e tanto era o seu afecto ao Rei Soldado, que, quando ele morreu, mandou pintar de preto a sua casa, e vestir de luto toda a pretaria que lá se abrigava.

Os actos de filantropia e de bondade natural des~se estranho Barão, não foram todavia suficientes para se lhe evitarem algumas sensaborias. Em 1838 houve uma campanha contra ele, julgamos que dos clínicos da capital, e não sabemos se teria sido esta a razão por que esteve preso algum tempo na cadeia de Belém.

Os seus actos humanitários não se cingiam só ao tratamento dos doentes, inteiramente gratuito. O Barão manifestava o seu bom coração, não só fazendo uma constante propaganda a favor da paz entre os portugueses, mas ainda acudindo a qualquer desgraça dos seus semelhantes.

A três pretinhos que lhe tinham nascido em casa, tratava-os como filhos, e quando um deles morreu, mandou-lhe fazer um enterro pomposo, enterro que ele acompanhou, numa sege, vestindo a sua farda melhor que deveria ser péssima, dado que a sua guarda roupa era toda uma farraparia miserável. Aos outros dois negrinhos, nomeou-os seus herdeiros. Charnavam-se José e Ezequiel. Não chegaram, porém, a herdar coisa alguma.

Quando D. José Benetti arrancou da vida, nenhum sucessor nos seus bens apareceu. Só muito mais tarde se deu conta da existência de um tipo, alto, magro e estrábico, que tocava flauta pelos botequins alfacinhas e se dizia filho do excêntrico Barão. Nunca, porém o provou.

Foi na madrugada de 6 de Agosto de 1850 que se deu a morte de D. José Benetti. A nova correu depressa. As autoridades foram à moradia da Rua de S. Francisco de Paula para verificar e arrolar o espólio do falecido, e os curiosos não faltaram a bisbilhotar aquele pardieiro.

A cama, era uma enxerga podre sobre dois bancos de pinho, dois cobertores esburacados e um lençol quase negro. Num cabide penduravam-se roupas velhíssimas que se amontoavam também aos cantos do compartimento. Entre elas estava a farda das ocasiões solenes, decorada com uma comenda, roupas estas que o Juiz da freguesia avaliou em dezoito tostões.

Num baú, bem fechado, escondido entre trapo s, achou-se um saco atestado de bons cruzados novos e de outras moedas, somando este recheio mais de oitocentos mil-réis; e dentro de uma panela três galinhas cozidas, com cujo caldo se alimentava o excêntrico Barão. Inventariados foram igualmente, dois carneiros, um bode, duas galinhas e dois gatos. Os pretos e pretas que eram seus familiares, como não tinham de entrar no inventário, não se contaram.

Apesar do seu feitio dadivoso, D. José Benetti, não consumiu em generosidades toda a sua fazenda. As autoridades tiveram de arrolar três prédios, um na Rua das Trinas, outro na Rua do Noronha, e o terceiro na Rua dos Remédios, propriedades estas de que o Barão nunca pagou décima pela simples razão que as lava de graça a quem as queria habitar.

O funeral custou apenas vinte e nove mil-réis que se foram buscar ao saco que lhe fazia de cofre forte. O resto da herança, foi penhorado e arrematado em praça. D. José Benetti, amortalhado num hábito roxo, numa sege preta, levou à sua última morada um considerável acompanhamento, onde a negraria não faltou.

Lisboa perdeu com ele uma das suas figuras mais típicas. Quando saía da sua baiuca, e vinha à rua, a caminho do Hospital Inglês, onde, ao que parece, dava consultas, ou nas suas deambulações caritativas, os alfacinhas paravam para vê-lo melhor e divertirem-se uns, e admirarem-se outros, da picaresca silhueta que ele e o cavalo formavam, quase fazendo um todo único do mais extravagante aspecto.

O Barão de Catânea.
Almanak Popular para o Ano de 1849 cf. Olisipo n°93, 1961

O cavalo, era uma alimária de um branco sujo, escanzelada e mal se tendo nas pernas. Havia-o com- prado num "esfola" por doze vinténs, e outro tanto lhe custara o frete. Curou-o das mazelas e fez dele o seu companheiro inseparável.

A "toilette" do Barão estava de acordo com tudo isto. Nas ocasiões solenes, como foi na morte do pretinho e nas festividades e cerimónias que prómovia, vestia uma farda de pano azul, com dragonas, botões amarelos e peitilho encarnado, e, ao peito, uma comenda que ninguem soube o que representava; nos dias vulgares envergava fraque preto, calça de ganga, um chapéu alto inverosímil, carregado para a nuca, e, debaixo do braço, um guarda-chuva com que animava a andadura do rocinante.

Continuam a haver excêntricos em Lisboa, mas excêntricos beneméritos e, ao mesmo tempo, pitorescos, como este barão gibraltino, nunca mais apareceu nenhum . (1)


(1) Gustavo de Matos Sequeira, Olisipo n°93, 1961

Leitura relacionada:
Camilo Castelo Branco, O Demónio do Ouro
Luís Augusto Palmeirim, Os Excêntricos do meu tempo
Feira da Ladra, Tomo III, 1931
David Soares, Morrer Ridículo, Viver Honrado: Como o Barão de Catânia segredou e sobreviveu na lisboa de Oitocentos

segunda-feira, 8 de maio de 2023

O emigrante

Passei ontem algumas horas em casa de Malhoa. O grande mestre, em seguida ao falecimento de sua esposa, vendeu o lar-oficina da Avenida 5 de Outubro, donde saíram tantas obras-primas, e instalou-se à Alegria, num atelier com excelente luz, onde tornei a ver os velhos tapetes de Arraiolos, a arca portuguesa de ferragens, e a mancha doirada daquele familiar tremo Luís XVI, que tanto carácter dava ao recanto elegante em que costumávamos conversar. Recebeu-me com o seu sorriso acolhedor, a sua "la-vallière" preta, a sua viril distinção de "vieux beau":

— Aqui tem o meu último quadro.

O emigrante, José Malhoa (detalhe), 1918.
Tendências do imaginário

Olhei. Na parede do fundo, sob a pastada baça dum tapete alentejano de desenhos persas, vagamente azul e folha-morta, uma grande tela, trecho de natureza esplêndida, ofuscante, latejante de cor, abria-se como uma janela rasgada e luminosa. No primeiro plano ("le paysage seul ne prouve rien" — disse Watts) uma figura de homem caminhava, tocada de melancolia profunda, num prodigioso efeito de contra-luz. Passada a primeira impressão de deslumbramento, afirmei-me melhor no quadro. Estava diante duma das obras fundamentais de Malhoa.

O emigrante ou Partida para o Brasil Último olhar á aldeia (detalhe), José Malhoa, 1918.
Arte, museus e património (fb)


Aconchegada ao sopé duma colina, galgando, cabrejando pela encosta, uma regaçada de casas brancas, longe, com a sua sineira humilde e os três ciprestes do seu cemitério — o tipo carinhoso da nossa aldeia estremenha — ondulava, vicejava, sorria sob a bênção cristã dos seus telhados mouriscos, batida dos últimos raios de sol. Em volta, os pomares alastravam, a terra palpitava, doiravam-se os sequeiros de pão, verdejavam os tratos alegres de horta, uma ligeira névoa, hálito ardente da planície, exalação da natureza fecunda, parecia subir, elevar-se, envolver as casas, esfarrapar-se nas frondes do arvoredo. Era — disse-me o mestre — a aldeia de Bairrão, perto de Figueiró dos Vinhos.

Nessa geórgica refulgente, pintada por grandes valores, onde nenhum proprietário bairranês deixaria de reconhecer e de apontar o seu quinteiro, a sua vinha, a sua courela, o seu pomar, a sua belga fulva de trigo, até o telhado da sua casa, — uma sólida, uma enorme figura de cavador, pulverulenta, tisnada de sol, avançava para nós numa volta do caminho, o chapeirão derrubado para a testa, um saco de ramagens pojando às costas, umas botas abrochadas de ferro penduradas na pontoeira do guarda-chuva azul, animal possante de trabalho, doloroso farrapo humano, alongando para a aldeia distante um último olhar de saudade e de tristeza.

O emigrante (estudo), José Malhoa, 1916.
Manuel Henrique Pinto (fb)

Na expressiva modelação dessa figura incomparável, húmus negro espiritua- lizado pelo clarão duma lágrima, havia, simultaneamente, a ternura fraterna de Millet e o vigor bárbaro de Rodin. Estava ali o símbolo imortal duma raça de melancolia e de aventura.

Caminhava com ele a alma sagrada dum povo inteiro. Houve um instante em que tive a ilusão de que, sob aquela jaleca de saragoça, batia um coração. Num dado momento, pareceu-me que aquele peito de hér- cules humilde arfava, respirava, resfolegava. Malhoa compreendeu a impressão profunda que eu sentira perante a sua criação, e se- reno, simples, risonho, perguntou-me:

— Sabe que título pus a este quadro?

— Não.

— O Emigrante.

Assentámo-nos nos largos maples. Em silêncio, continuei a olhar essa tela que é um dos padrões de glória da pintura portuguesa coutemporâuea; essa figura — que ficará como uma das mais belas sínteses humanas criadas pelo vigoroso naturalista dos Oleiros e do S. Martinho.

O emigrante, José Malhoa, 1918.
Tendências do imaginário

E então, seguindo em pensamento a marcha do pobre cavador de Bairrão, eu evoquei a segunda pátria, o país distante, terra doirada de abundância e de maravilha que os passos daquele homem demandavam, e a que ele ia oferecer o vigor dos seus braços, a lealdade do seu coração, todas as energias latentes da sua raça laboriosa e soberba.

Beirões, minhotos, estremenhos, trasmontanos, — pensei nos trabalhadores que um dia, por não caberem na terra em que nasceram, atam um registo da Virgem ao pescoço, deitam às costas uma manta velha de burel da Covilhã, devoram, calados, um soluço e uma lágrima, e, dizendo adeus à sua pequena aldeia, a abandonam para nunca mais a esquecer, para lhe sorrir de longe, para a acarinhar, para a amar, a muitas milhas de distância, mais do que a amariam se envelhecessem desbravando, com o ferro da enxada, a ingratidão da terra materna.

Diante do Emigrante, de Malhoa, lembrei-me, com simpatia e com afecto, dos portugueses do Brasil. E ao lançar, para a obra do grande pintor, tão forte e tão saborosamente lusitana, o meu último olhar de despedida, — tive pena de não poder, como aquele bravo emigrante negro de terra e de sol, deitar também o meu surrão ao ombro e seguir com êle o mesmo caminho de aventura . (1)


(1) Júlio Dantas, Os galos de Apollo, 1921

Leitura relacionada:
Nuno Saldanha, José Vital Branco MALHOA (1855-1933): o pintor, o mestre e a obra


Mais informaçao:
Manuel Henrique Pinto (fb)

Artigos relacionados:
À passagem do combóio (En voyant passer le train)

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quarta-feira, 3 de maio de 2023

Successores de Manuel Pedro Marques & C.ª, commercio de vinhos no sitio do Caramujo

ANNUNCIO

A casa commercial sucessores de Manuel Pedro Marques & C.ª estabelecida com commercio de vinhos desde longa data no sitio do Caramujo, annuncia que annexou ao seu antigo commercio o da venda de vasilhame feito, achando-se apta a fornecer ao publico vasilhame de toda a especie á excepção de toneis,

Praia do Alfeite (junto à Quinta do Outeiro e Cais do Caramujo), 1881.
Alexandra Markl, António Ramalho, Pintores Portugueses, Lisboa, Edições Inapa, 2004

Garante-se a qualidade da madeira empregada que é escolhida sempre com o máximo cuidado, e a segurança, solidez e acabamento da obra, em tudo perfeitamente igual á que a casa emprega para seu uso.


Caramujo, Successores de Manuel Pedro Marques & C.ª, 1886.
Tabella de preços do vasilhame.
Diário Illustrado, 16 de janeiro de 1886

Recebe-se e satisfaz-se qnalquer pedido no escriptorio, rua Augusta, 219, 2.° E. dirigido ao socio gerente Thomaz José Marques, ou nos armazéns do Caramujo a Antonio José Marques. (1)

LEILÃO (...)

No dia 22 do corrente pelas il horas da manhã com a assistência do juiz Presidente do Tribunal do Commercio de Lisboa, se ha de proceder No dia 22 do corrente com a assistência do juiz presidente do Tribunal do Commercio de Lisboa, se ha de proceder (...)

Alfeite, Manuel Henrique Pinto, c. 1882.
Leiloeiro S. Domingos

nos caes dos armazéns dos Successors de Manuel Pedro Marques & C.ª, situados no Caramujo á arrematação da fragata GERTRUDES da lotação de 70 toneladas, e com todos os seus pertences.

Esta fragata pela sua construcção é uma das melhores que actualmente estão fundeadas no Tejo, e quem a quizer ver antes da arrematação pode requisitar bilhete no escriptorio da administração da fallencia, Travessa d Assumpção, 88, 1.° (...)

Enseada da Cova da Piedade, c. 1900.
Museu da Cidade de Almada

nos armazéns dos Successors de Manuel Pedro Marques & C.ª situados na Rua Direita do Caramujo n.° 62 a 76 á arrematação de 6:078 almudes de vinho tinto, 104 ditos de vinho abafado, 941 de vinho do Porto, 964 de vinho da Madeira. 3:836 almudes de vinho branco de lote, 200 caixas de vinho da Madeira, 284 de Carcavellos. 2:131 garrafas com vinho da Madeira, 950 de vinho do Porto, 840 de vinho Malvasia e dilferentes porções de vinhos, Mançanilha, Moscatel de Setúbal e Palmella.

3:428 almudes de vinagre, e mais 4:008 nas madres.

Garrafas brancas com rolha de porcelana, garrafas pretas, capsulas para garrafas, rotulos finos, ditos ordinários, uma grande quantidade de quartollas, cascos, barris, balseiros, pipas, vinagreiras, utensílios de armazém, e muitos outros objectos que estarão patentes no acto do leilão (...)

Fragata do Tejo em frente ao cais do Ginjal.
Arquivo Municipal de Lisboa

á arrematação de 11:700 aduellas brancas, 2:757 negras, 542 ditas de marca azul. 11:300 ditas de marca branca, 2:430 ditas em bocados, 23 ditas de viga lavrada para túnel, 80 ditas lavradas, mais 384 ditas para quarlolla, mais 1:390 ditas de pipa, mais 9:388 ditas de barril, mais 1:380 ditas de anchoretc. mais 18 fundos lavrados para quartollas, mais 280 para barril de quinto, uma porção de mogno, differentes pilhas de rachões grandes e pequenos, e todos os utensílios proprios para tanoaria e muitos outros objectos que estarão patentes no acto da arrematação (...) (2)

Successores de Manuel Pedro Marques & C.ª
O administrador da fallencia
José Paes de Vasconcellos Abranches. (2)



(1) Diário Illustrado, 16 de janeiro de 1886
(2) Diário Illustrado, 14 de novembro de 1889