segunda-feira, 24 de abril de 2017

A (ambiguidade da) Rendição

Sidonio Paes foi um martir que, com nobrêza estoica, se apresentou bem de frente à morte? Os soldados que êle deixou ficar em França num grande isolamento moral tambem acabaram por se apresentar à morte voluntariamente e num arranco nobre!

A Rendição, Adriano Sousa Lopes, c. 1923.
Imagem: Evocação

Dessa vez não foram carneiros, não foi gado empurrado para o matadouro; dessa vez não eram vítimas duma mentira; dessa vêz se eram vítimas eram-no de uma cruel realidade. Sidonio Paes não os mandava reforçar, não os mandava substituir, não os mandava retirar para Portugal. 

A Rendição (estudo), Adriano Sousa Lopes.
Imagem: Reactor

O 5 de dezembro era a desafronta de um país oprimido durante alguns anos, pela vaia, pelo insulto, pela insolência sem limites e pelo enxovalho que nunca acabava. 

Desafrontava-se a religião, desafrontavam-se os monárquicos vencidos em 5 de outubro, desafrontavam-se todas aquêles a quem a demagogia barata e soêz tinha afrontado, sem distinção de crédos ou partidos.


Mas êles, os que ficaram na Flandres até o fim, eram esquecidos como vítimas sem valôr.


(1) J. Ferreira Amaral, A mentira da Flandres e... o mêdo!, Lisboa, J. Rodrigues & C.ª, 1922

Informação relacionada:
I Guerra Mundial: 100 anos, Hemeroteca Digital de Lisboa
1 Guerra Mundial (1914-1918)..., Hemeroteca Digital de Lisboa no Flickr
Um pintor nas trincheiras, Público, 6 de setembro de 2010
Portugal 1914, iconografia
Restos de Colecção

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