segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Vista de Lisboa, panorama de Barker

De facto, quando descrevia Lisboa vista do outro lado do rio em dezembro de 1812, o Major Augustus Frazer da "Royal Horse artillery" tinha explicitamente Henry Aston Barker na ideia: "O dia estava lindo, o cenário talvez o mais belo do mundo. O castelo de Almada foi o lugar a partir do qual o Panorama de Barker foi tirado." (1)

Lisbon from Fort Almeida Almada, Drawn by C. Stanfield from a Sketch by W. Page, Engraved by E. Finden.
Imagem: Cesar Ojeda

Como, a começar a nossa próxima viagem, deveremos deixar Lisboa, sem a perspectiva de aí regressar, olhando um pouco por nós, se possível, sem negligenciar algo que possa merecer uma visita;

rapidamente nos ocorreu o morro de Almada, oposto a Lisboa, até então não nos tinha atraído subir o íngreme declive, e do seu cimo olhar a capital de Portugal, a partir dessa vantajosa posição, sendo que aí uma parte dessa cidade pode ser abrangida com uma simples passagem do olhar, mais do que em qualquer outro lugar:

Historical military picturesque..., George Landmann, View up the Tejo.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

tendo perdido tantas oportunidades como perdemos para nos oferecer esta vista altamente gratificante, teria sido verdadeiramente imperdoavel, não fosse o termos propositadamente deixado esta delícia para depois.

Historical military picturesque..., George Landmann, Lisboa, or Lisbon, the capital of Portugal.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

Uma viagem a Almada não necessita preparação, exceptuando um cesto com comida, para saborear à sombra de uma laranjeira próxima das margens do rio. Contudo, alugámos um pequeno barco, para nos levar até à vila de Almada, oposta à parte ocidental de Lisboa... enquanto a cadeia de colinas da outra banda, o Almaraz, se estende na direcção da entrada do Tejo até se defrontar com a velha Torre de Belém.

Historical military picturesque..., George Landmann, Mouth of the Tagus.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

Infindavel seria tentar descrever a multitude de aspectos que o semicírculo a norte apresenta; mas uma vista panorâmica, desenhada com muito cuidado a partir do original de Mr. Baker, que muito atenciosamente a cedeu ao autor com esse propósito, se apresenta [...]

O original foi desenhado por Mr. Barker [Henry Aston Barker (1774–1856)], a partir do qual pintou o seu muito admirado e correctamente fiel Panorama que exibiu no Strand em Londres [Barker's Leicester Square exhibitions]: 

Historical military picturesque..., George Landmann segundo Henry Aston Barker, Panorâmica de Lisboa e do Tejo.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

a gravura para este trabalho compreende a vista desde a Cidadela de Cascais, o ponto mais distante à esquerda, até ao extremo ocidental que é possível avistar desde a colina de Almada; 

Cross-section of the Rotunda in Leicester Square in which the panorama of London was exhibited (1801).
Imagem: TATE

ás pessoas que podem ter tido a boa sorte de ver o Panorama, esta gravura não conseguirá dar o justo sentido à extensão da beleza desta cena;

Robert Barker’s Leicester Square Panorama.
Imagem: The Regency Redingote

todavia espera-se que a tentativa de adicionar esta informação não se revele infrutífera: ver as gravuras intitulados: Mouth of the Tagus, Lisboa, or Lisbon, the capital of Portugal, e View up the Tejo. [cf. Capítulo XLIII. Uma viagem a Almada, Vista de Lisboa, as colinas fortificadas, e o  Castelo de Almada (...)] (2)


(1) Gavin Daly, The British Soldier in the Peninsular War..., 1808–1814
(2) George Landmann, Historical, military, and picturesque observations on Portugal..., 1818

Alguma leitura adicional:
Harry Sutherland, Adventures with the Connaught Rangers, 1809-1814
John Kincaid, Adventures in the Rifle Brigade, in the Peninsula... from 1809 to 1815

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