Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém, Filipe Lobo, ass: Philippus Lupis Fecit 16--. Imagem: Christie's |
Decorrente da estadia de [Dirk] Stoop em Lisboa, algumas ligações artísticas merecem ser sublinhadas. Em primeiro lugar, o suposto elo entre o pintor holandês e Filipe Lobo.
Até aqui a historiografia portuguesa tem considerado que a arte de Lobo foi influenciada pela lição do pintor de Utreque, a julgar pela obra O Panorama do Mosteiro de Santa Maria de Belém, presente nas colecções do Museu Nacional de Arte Antiga, na qual a influência nórdica se faz sentir na nebulosidade filtrada da paisagem ensolarada de Lisboa.
Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém, Filipe Lobo, 1657, ass: Philippus Lupus fecit MDCLVII. Imagem: MNAA |
Este vínculo decorria da comparação entre a pintura de Lobo e uma de Stoop "Vista do Mosteiro de Belém em Lisboa", à guarda do Mauristhuis em Haia [...]
No entanto, pese embora o facto do artista português se apresentar mais débil no traço, certo é que a primeira pintura está datada de 1657, época anterior à estadia de Stoop em Portugal.
Embora não esteja datada, a pintura do Maurithuis reporta-se claramente à presença da comitiva inglesa em Portugal em 1662, dado apresentar a armada inglesa atracada junto a Belém.
Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém, Dirck Stoop, Imagem: Mauristhuis Museum |
Estes novos dados vêm por um lado alterar a análise que então se fazia sobre as influências desta obra e, em segundo lugar, revelar o nosso ainda grande desconhecimento sobre as recepções artísticas do século XVII.
Sobre a identidade de Lobo nada se apurou e o facto de o seu nome aparecer com grafias diferentes nos registos da Irmandade de S. Lucas não é razão suficiente para confirmar uma nacionalidade estrangeira. (2)
(1) Christie's (adaptado)
(2) Susana Varela Flor, A presença de artistas estrangeiros no Portugal Restaurado
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