Vista da Amora, Tomás da Anunciação, 1852 Imagem: MNAC (museu do Chiado) |
Tentou libertar-se desse passado no Livro do Monte, de um bucolismo mais natural, onde se sentem perfumes junqueirianos, e não quis deixar de escrever uma derradeira satira á sociedade que se enxovalhara, com as quintilhas, de bella perfeição plastica, da "Dança Judenga".
Octogenário, lia Zola, que eu lhe levava, e proclamava-o, intelligentemente, um grande romântico.
Um dia contou-me uma scena melancólica com o nosso paisagista Annunciação.
Era no Aterro, e viu o velho pintor a chorar ante o pôr do sol, pouco depois de chegar de Paris, onde contemplara os novos processos da pintura e o golfão de naturalismo que inundava todas as paletas.
No cais do Tejo, Alfredo Keil, 1881. Imagem: MNAC (museu do Chiado) |
Bulhão Pato talvez sentisse analoga melancolia ante a sua arte que via aceite apenas com complacência. Mas não o confessou, porque, muito orgulhoso, o velho romântico nunca deixou de arvorar o panache. (1)
(1) João Barreira, O retiro de um velho romântico
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