segunda-feira, 11 de julho de 2016

Rua Nova dos Mercadores

A Rua Nova, eixo paralelo e aberto ao rio, provavelmente já existiria no reinado de D. Dinis. Encontramo-la na regularização e ampliação da mesma Rua Nova em 1294, empreitada que obrigou ao derrube das casas "para que a rua fique de 8 braças" [...]

Rua Nova dos Mercadores, aut. desc., século XVI.
Imagem: Society of Antiquaries of London

As primeiras notícias do projecto de calcetamento da Rua Nova de Lisboa constam de uma carta de D. João II, datada de Novembro de 1482, onde o rei (...) determinou, como trabalho prévio, a execução de uma planta "pyntada em papell", para melhor poder estudá-la e emitir o seu parecer [...]

Rua Nova dos Mercadores, aut. desc., século XVI.
Imagem: Society of Antiquaries of London

Seria através da acção de D. Manuel que a referida rua passaria a ter "um notável perfil urbano com edifícios de habitação de cinco andares, onde o piso térreo era ocupado pelas mais bem fornecidas lojas de toda a Europa em matérias-primas e objectos provenientes do Oriente e de África, autênticos "gabinetes de curiosidades" [...]

Rua Nova dos Mercadores - The New Street of the Merchants from SWD agency on Vimeo

do Rossio, querendo ir para o mar, entram na rua Nova d’El-Rei, comprida e direita rua, que vai dar na grande rua Nova dos Mercadores, que por ser na principal parte da cidade e junto do mar ao longo dele, é lugar onde concorrem todos os mercadores e toda a mais gente de trato, que tem de comprido duzentos passos e de largo vinte; e sabe-se que rende em alugueres de casas oitenta mil cruzados [...]

Rua Nova dos Mercadores, aut. desc., século XVI.
Imagem: Society of Antiquaries of London

há nesta rua, além d’outras coisas, edifícios admiráveis, de tantos pavimentos e com tantos inquilinos, que não se conhecem uns aos outros nem de cara nem de nome [...]

Rua Nova dos Mercadores em 1521, Livro de Horas de D. Manuel,
iluminura atribuida a António de Holanda.
Imagem: MNAA

passando a Praça Nova do Rei, que transborda de entalhadores, joalheiros, ourives, cinzeladores, fabricantes de vasos, artistas da prata, de bronze e de ouro, bem como de banqueiros, cortando á esquerda, chegaremos a uma outra artéria que tem o nome de Rua Nova dos Mercadores, muito mais vasta que todas as outras ruas da cidade, ornada, de um lado e de outro, com belíssimos edifícios [...] (1)


(1) André Carneiro, Espaços e paisagens. Antiguidade clássica e heranças contemporâneas. Vol. 3, Coimbra, Associação Portuguesa de Estudos Clássicos, 2011

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