sábado, 1 de outubro de 2022

Casa Museu Manuel Mendes

Em 1977 foi adquirido pelo Estado português o espólio bibliográfico e artístico de Manuel Mendes à viúva do escritor, Berta Mendes. Dava-se assim um primeiro passo garantindo a concentração de uma importantíssima documentação relativa à História recente do país e à crítica de arte dos meados do século XX.

Retrato de Manuel Mendes (detalhe) por Sarah Affonso, 1930.
MNAC/Casa Comum

A colecção de arte moderna, incluída neste espólio, pela completude geracional e recorrência de temas e retratados,configura um conjunto também ele de grande unidade.

Retrato de Manuel Mendes por Dórdio Gomes, 1965.
MNAC/Casa Comum

Com esta importante aquisição salvaguardava-se um património marcante de uma dispersão que seria a todos os títulos lesiva.

Retrato de Manuel Mendes por Abel Manta, c. 1950.
MNAC/Casa Comum

Depois de um inventário sumário realizado pelo Instituto Português de Museus, em 1992, a integra­ção no Museu do Chiado deu-se em 1997 (...) (1)

O Segundo Modernismo, o Novo Classicismo e o Estado Novo

O Novo Classicismo, de raiz picassiana estilizada, marca o desenho de grande qualidade que Almada Negreiros praticou ao longo dos Anos 30, por vezes acrescido de delicados sombreados que estabelecem subtis transições luminosas ou de deformações amaneiradas das formas, como sucede em A sesta, 1939 obra de contido erotismo.

Retrato de Manuel Mendes por Sarah Affonso, 1930.
MNAC/Casa Comum

Sarah Afonso, mulher do artista, seguiu igualmente, nesta década, este novo classicismo modernizado, estilizado e sintético, como evidencia o seu Auto-retrato, c. 1930.

O Novo Classicismo foi, aliás, marca do estilo Art Déco internacionalizado ao longo desta década, e obteve vasta repercussão em Portugal: António Soares evidenciou-o com elegante cunho mundano no seu exemplar Retrato da Irmã do Artista, 1936 em cujo fundo avultam discretas lembranças cubistas fragmentadas.

Retrato de Berta Mendes por Carlos Botelho, 1932.
MNAC/Casa Comum

Carlos Botelho constitui uma exceção neste universo, revificando o exemplo expressivo de Van Gogh, sob uma ótica de idêntica estilização elegante, no Retrato de Berta Mendes, 1932, retomado por Abel Manta sob um naturalismo cézanniano, enquanto Jorge Barradas procurou renovar a arte religiosa sob uma ótica decorativa na sua Anunciação, 1936, estilizando livremente o exemplo igualmente oitocentista dos Nabis (...) (2)

Retrato de Berta Mendes por Abel Manta, 1934.
MNAC/Casa Comum

Casa Museu Manuel Mendes (nunca aberta ao público e hoje extinta), no Restelo. (3)


(1) Colecção Manuel Mendes (MNAC)
(2) O modernismo feliz: art déco em Portugal (MNAC)
(3) Moda & Moda, Museu do Chiado, A Sedução do retrato

Artigos relacionados:
Retratos som Bá e Manuel Mendes, Ofélia e Bernardo Marques
Retratos com Bá e Manuel Mendes
Sarah Affonso, postais da Costa a Manuel Mendes (1930-1931)
Retratos com Guida Lami e Bá e Manuel Mendes, Cândida e Bento Caraça
Sarah Affonso, postais da Costa a Manuel Mendes (1930-1931)
Ofélia

RTP Arquivos:
Manuel Mendes: o Melhor de Todos Nós
... depoimento do político José Magalhães Godinho sobre o pensamento do escritor Manuel Mendes, lamentando este não ter vivido para assistir ao 25 de Abril; busto de Manuel Mendes do escultor Barata Feyo; fotografias de homens das Letras; retrato do escritor pintado por Dórdio Gomes; Casa Museu Manuel Mendes no Restelo...

Mais informação:
Catálogo da exposição da colecção de artes plásticas de Manuel Mendes, Fundação Mário Soares, 30 de novembro de 2000 - 22 de fevereiro de 2001 (MNAC)
Casa Museu Manuel Mendes (Google search)
Colecção Manuel Mendes (MNAC)
Manuel Mendes (Fundação Mário Soares e Maria Barroso/Casa Comum)

Século XX português: Os Caminhos da Democracia (Fundação Mário Soares e Maria Barroso)
Obras editadas na Biblioteca Cosmos

Sem comentários: