domingo, 9 de julho de 2017

O naufrágio do San Pedro de Alcántara

Ás 10 e meia da noite de 2 de Fevereiro [de 1786], o navio de guerra espanhol de 64 canhões San Pedro de Alcantara bate contra as rochas da península da Papoa, em Peniche: 128 mortos.

Naufragos llegando a la costa, Jean-Baptiste Pillement.
Imagem: Museo del Prado

Entre as vítimas encontram-se 17 índios, prisioneiros políticos, homens, mulheres e crianças ligados á rebelião de Tupac Amaru. Entre os presos sobreviventes encontra-se Fernando Tupac Amaru. O rapaz, subitamente livre após ter escapado á morte no naufrágio, acaba por entregar-se ás autoridades. É enviado para Espanha onde morrerá anos mais tarde.

O naufrágio do San Pedro de Alcântara [junto a Peniche], Jean Pillement, 1786.
Imagem: DGPC

Nos meses seguintes Peniche transforma-se num estaleiro submarino internacional, com a participação de cerca de 40 mergulhadores de toda a Europa, vindos para salvar a carga de metal precioso perdida no naufrágio. O salvamento‚ um sucesso técnico divulgado mês após mês pelas gazetas da Europa.

Salvamento do San Pedro de Alcântara, Jean Pillement, 1786.
Imagem: Revista da Armada, maio de 2013

No fundo do mar, segundo julgamos, não resta virtualmente nada do navio de guerra de 64 canhões construído na ilha de Cuba em madeira de caoba, uma essência tropical reputada, por um construtor naval britânico ao serviço da armada de Sua Majestade Católica, o rei de Espanha. 

A Papôa (Peniche), João Vaz, c. 1888.
Imagem: MatrizNet

No mês de Junho de 1786, os mergulhadores conseguem inclusivamente levantar o próprio fundo da querena que rebocam até á praia de Peniche de Cima onde o grande esqueleto de madeira acaba então por ser desmontado para recuperação de todo o tesouro embarcado no Perú. (1)

Peniche, vista norte da Papoa.
Imagem: Wikimedia


(1) Incas em Peniche

Leitura adicional:
O Tejo de Jean-Baptiste Pillement
Navío San Pedro Alcántara

Mais informação; Revista da Armada, maio de 2013

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