Henri l’Évêque: artista viajante (1769-1832), detalhe da cobertura. Scribe |
Agostinho Araújo, Foteini Vlachou, Miguel Figueira de Faria,
Henri L’Évêque: artista viajante (1769-1832),
Lisboa, Scribe, 2018
São três os autores e é notório o conhecimento de causa de cada um deles. Um dos autores introduz, contextualiza, descreve e referência em vários capítulos (Miguel Figueira de Faria). Parte importante do livro está escrito em inglês (Foteini Vlachou), outra são um conjunto de apontamentos, que referenciam um contexto temporal alargado (Agostinho Araújo). Aqui fica um avant-goût alargado: Miguel de Faria, Henri l'Eveque e outros repórteres, 2015
Nas primeiras impressões, posicionamos Henri l’Évêque e a sua obra em Portugal e no estrangeiro, no contexto do pré-romantismo, relacionando-o com outras partes e actores, Pillement, Noël, Delerive etc.
Aguardamos a ocasião para ler a totalidade de Henri l’Évêque, artista viajante. A próxima vez, muito em breve, que olharmos um desenho, aguarela, gravura, água-tinta, será com mais detalhe e entendimento. Nesta breve passagem, conhecemos variantes daquilo que pensávamos único no trabalho de L'Évêque e da sua originalidade, em relação Delerive, por exemplo.
The reflector, Henri l'Évêque e O acendedor de lampiões, Nicolas Delerive. Bayerische Staatsbibliothek e Arquivo Municipal de Lisboa |
Anotado, bem anotado, irrepreensível. Quanto à apresentação seria da nossa preferência as notas à l'ancienne, en bas de page.
Diremos que faltou analisar e referenciar duas obras maiores de Henri l’Évêque, cremos que pelo desconhecimento dos autores da sua existência. São obras maiores em expressão e dimensão. Tratam-se de duas vistas panorâmicas, verdadeiras raridades iconográficas praticamente inéditas.
A primeira, que descreveríamos como "Vista da praia de Cacilhas e panorâmica de Lisboa na década de 1800 por Henri l`Évêque", foi apresentada ao público na exposição integrada nas Festas da Cidade de Lisboa de junho de 1978 e é referenciada, sem reprodução de imagem, no catálogo de 1979 dessa exposição, O povo de Lisboa", tipos, modos de vida, ambiente, mercados e feiras, divertimentos, mentalidade, da autoria de Irisalva Moita, então conservadora-chefe dos Museus Municipais de Lisboa.
Foi a recente publicação do professor Alexandre Flores, A via fluvial do Tejo entre Almada e Lisboa na Idade Média — vicissitudes da falta de segurança no transporte marítimo dos animais de carga de mercadorias, dos almocreves, mercadores e outros..., na qual a aguarela é parcialmente reproduzida, que nos chamou a atenção para a sua existência, e para a exposição de grata memória.
Vista da praia de Cacilhas e panorâmica de Lisboa na década de 1800 por Henri l`Évêque. Arquivo dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra |
A imagem da Praia de Cacilhas, que em breve tentaremos detalhar num apontamento dedicado, apresenta diversos elementos, nomeadamente costumes, que L'Évêque retomará noutros trabalhos.
A segunda imagem,"Vista de Lisboa e panorâmica do Tejo na década de 1800 por Henri l`Évêque", descobrimo-la no processo de procura da primeira. Mostra a frente nascente de Lisboa compreendida entre Santos-o-Velho e Ajuda antes do início da construção do palácio.
Vista de Lisboa e panorâmica do Tejo na década de 1800 por Henri l`Évêque. Arquivo dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra |
Ambas as aguarelas são propriedade da Administração do Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra que o Centro de Documentação dessa instituição por cortesia nos cedeu em cópia digital.
Concluimos, esperando um dia saber o que pensam os autores do livro aqui trazido sobre estas duas panorâmicas e a sua integração na obra de Henri l’Évêque, de preferência com outros novos elementos que possam entretanto aparecer.
Leitura relacionada:
Campaigns of the British Army
Costume of Portugal
Henri l'Evêque, c. 1814
Henri l'Evêque, c. 1814
Artigos relacionados:
Henri l'Évêque (1769-1832)
Nicolas Delerive (1755-1818)
Alexandre-Jean Noël (1752-1834), no Museu de Artes Decorativas de Lisboa
O Tejo de Jean-Baptiste Pillement
etc.
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