Lisboa, Chafariz d’El-Rey, óleo sobre madeira de carvalho, 93 x 163 cm, autor desconhecido (Colecção Berardo), c. 1570. Imagem: Lisboa, cidade africana |
Se a qualidade pictórica se revela algo medíocre, em contrapartida põe em evidência a flexibilidade da composição que permite proceder ao inventário das práticas lisboetas, inscritas num espaço limitado atrás pelas construções na velha Ribeira das Naus, sendo o primeiro plano consagrado às actvidades marítimas. (1)
Panorâmica de Lisboa (detalhe) c.1540-1550 (ou 1570), , Leiden University Library Bodel Nijenhuis Collectie, Leyden. Imagem: Wikimedia |
O Chafariz d'El-Rei é seguramente um dos mais antigos da cidade de Lisboa, podendo remontar ao período muçulmano. Aparece referenciado documentalmente pela primeira vez no reinado de D. Afonso II, em 1220, sendo então conhecido por Chafariz de São João da Praça dos Canos. É a partir das alterações sofridas no reinado de D. Dinis, em 1308, que passa a ser designado por Chafariz d' EL-Rei, em referência a este monarca.
Segundo Fernão Lopes, o chafariz secou em 1373, durante o cerco de Lisboa, e só teve obras em 1487, por ordem de D. João II, que manda fazer o encanamento do chafariz até ao mar, para abastecimento de água potável aos batéis ancorados.
O Chafariz d’El-Rey, década de 1570, sobre a Panorâmica de Lisboa da Leiden University. |
Na época manuelina o chafariz terá sido coberto por um alpendre em cantaria, cobertura para a qual D. Manuel ordenara a autorização à Câmara de Lisboa em 1517, e que seria patrocinada por Lopo de Albuquerque. O chafariz, que era então a principal fonte de água potável da capital, estava encostado à muralha da cidade, e tinha seis bicas em forma de cabeças de animais. (2)
(1) Isabel Castro Henriques, Os Africanos em Portugal História e Memória Séculos XV-XXI, Lisboa, Comité Português do Projecto Unesco "A Rota do Escravo", 2011
(2) Direcção-Geral do Património Cultural
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