quarta-feira, 5 de abril de 2023

Almirante Marquês de Nisa, na Campanha do Rossilhão

D. Domingos Xavier de Lima (1765-1802)

Em 21 de Novembro de 1790, o Capitão-de-fragata D. Domingos Xavier de Lima casou em Lisboa, com grande pompa, com D. Eugénia Maria Josefa Xavier Teles de Castro da Gama Ataíde Noronha Silveira e Sousa, filha de D. Rodrigo Xavier Teles de Castro da Gama Ataíde Noronha Silveira e Sousa, 6° Marquês de Nisa, 10° conde da Vidigueira, 10° Almirante do Mar da Índia, e de D. Maria Ana Xavier Teles de Lima, irmã de D. Domingos.

Domingos Xavier de Lima (1765-1802), 7° Marquês de Nisa, Domenico Pellegrini, 1801.
Museu de Marinha



Sobrinha do seu marido, D. Eugénia herdou os títulos nobiliários do seu pai. Após o casamento, o Príncipe Regente fez oferta daqueles títulos a D. Domingos, conforme consta da Gazeta de Lisboa de 30 de Novembro (...)

A 16 de Dezembro 1791, antes de completar 26 anos o agora Marquês de Nisa, foi promovido a Capitão-de-mar-e-guerra. O seu segundo comando no mar foi a fragata São Rafael Princesa do Brasil, navio de 44 peças e 329 homens de guarnição, construído no Arsenal da Marinha, onde foi lançada ao mar em 28 de Setembro de 1791 juntamente com a nau Rainha de Portugal e o brigue Serpente do Mar.

Lançamento à água da nau Maria I, da fragata Príncipe do Brasil e do bergantim Serpente do Mar na Ribeira das Naus, Alexandre-Jean Noël, 1789.
Arquivo Histórico da Marinha

Em 16 de Junho de 1792 aquela fragata, comandada pelo marquês de Nisa integrou-se na frota do Chefe-de-Esquadra José Sanches de Brito – nau Rainha de Portugal, fragata São Rafael Princesa do Brasil e brigues Lebre, Voador e Serpente do Mar – cuja missão era o transporte para o reino da Sardenha de uma missão diplomática.

Na fragata embarcou D. Lourenço de Lima, irmão do marquês, e enviado extraor-dinário e ministro plenipotenciário junto do rei de Nápoles. Tendo largado de Lisboa a 16 de Junho, os navios fizeram escala em Gibraltar de 19 a 23; ali deixaram o brigue Serpente do Mar e integraram a fragata São João Príncipe do Brasil. A 26 avistaram o cabo da Gata, avistaram a Sardenha a 13 de Julho e chegaram a Nápoles a 19.

Os navios foram recebidos com grandes honras e o comandante-chefe foi apresentado a Sua Majestade que visitou os navios no dia 22 e ofereceu um jantar ao comandante-chefe (...)


Os navios deixaram Nápoles a 20 de Setembro, entraram em Cagliari a 28 e largaram a 18 de Outubro. Chegados a Gibraltar em 28 do mesmo mês, os navios foram integrados na Esquadra do Estreito, cujo comando foi assumido por Sanches de Brito.

O Marquês de Nisa entrou no Tejo a 7 de Novembro com a frota do Chefe-de-esquadra Pedro de Mendonça de Moura – fragatas Fénix e São Rafael Princesa do Brasil, brigues Serpente do Mar e Falcão.

O seu terceiro comando no mar foi a nau Vasco da Gama, navio de 74 peças que fora lançada ao mar no Arsenal da Marinha em 15 de Dezembro de 1792.

Chegara a época das lutas contra a França Revolucionária que declarara guerra a todas as tiranias. Portugal prepara a sua esquadra para participar nas operações navais contra aos franceses.

Em 23 de Maio de 1793 largou para o mar, sob o comando do Tenente-general Bernardo Ramires Esquível, uma esquadra de 6 naus, 2 fragatas e 2 brigues para um período de treino no mar. Começava a despontar o Poder Naval Português que o Secretário de Estado Martinho de Melo e Castro planeara.

Na noite de 18 para 19 de Junho, no entanto, um violento temporal provoca avarias graves nos navios que foram obrigados a recolher-se a Lisboa. A Vasco da Gama entrou a barra a 22 juntamente com os outros navios.

Preparava-se então em Portugal uma divisão do exército para ir combater contra os franceses no Rossilhão (Catalunha), ao lado das forças espanholas.

D. Domingos resolve participar nessa expedição por fervor patriótico; pede a exoneração do comando do navio e a demissão de oficial da Armada Real – o que lhe foi dado em 1 de Outubro – e alistou-se como soldado voluntário naquela expedição.

A Divisão Portuguesa largou de Lisboa a 20 de Setembro e, após 50 dias de viagem, conseguiu desembarcar no porto de Rosas. Nisa seguiu a bordo da nau São Sebastião e deixou-nos escritas as suas impressões sobre esta viagem.


A 26 de Novembro as forças portuguesas entram em combate em Ceret, derrotando os franceses a quem apreenderam numeroso material e fizeram alguns prisioneiros. O Tenente-general espanhol, comandante daquela região, conde de União, teceu grandes elogios às forças portuguesas e recomendou, especialmente, ao General Ricardos o voluntário Marquês de Nisa (...)

Com o aproximar do Inverno, os exércitos recolheram aos quartéis, para um período de imobilização. D. Domingos, não querendo sujeitar-se a tão prolongada inactividade, requereu o seu regresso a Portugal, o que foi aceite; a 31 de Janeiro de 1794 chegava a Lisboa e a 8 de Fevereiro era readmitido na Armada Real. (1)


(1) José Rodrigues Pereira, Academia de Marinha, Memórias, 2015

Informação relacionada:
O ilustre almirante Marquês de Nisa, Revista da Armada, 2004
D. Domingos Xavier de Lima, 7° Marquês de NIsa (1765-1802, Revista da Armada, 2007
Academia de Marinha, Memorias

Mais informação:
Navios da Real Marinha de Guerra Portuguesa I
Navios da Real Marinha de Guerra Portuguesa II
etc.

Sem comentários: