O primeiro encontro entre o Marquês de Nisa e o Czar Alexandre, realizou-se em 2 de Setembro de 1801 (...)
Domingos Xavier de Lima (1765-1802), 7° Marquês de Nisa, Domenico Pellegrini, 1801. Museu de Marinha |
Em Janeiro de 1802 Nisa recebe uma carta do ministro Melo e Castro que o informa do desejo do Czar em que ele continuasse em São Petersburgo, conforme carta que o Príncipe Alexander Kourakin enviara para Lisboa.
Mas parece que o Regente tinha outra ideia, porque um despacho de 27 de Janeiro diz-nos que apesar de se considerar muito positiva a acção de D. Domingos, está bem claro que há motivos de serviço que fazem preciso o regresso de V. Exa para esta Corte, não deixam os interesses da Família de V. Exa. de requererem a presença de V. Exa. em Lisboa (...)
Chegam, entretanto, a São Petersburgo notícias de que o Marquês estaria doente; foi o seu secretário, o CMG O’Connor que informou do seu falecimento a 30 de Junho na cidade de Koenigsberg, capital da Prússia. Causa da morte bexigas malignas (varíola).
O seu corpo ficou depositado na igreja católica de São João Baptista, sendo posteriormente transferido para uma abóbada onde facilmente poderia ser removido para Portugal. A esta cerimónia assistiram mais de 5.000 pessoas, entre elas o Cônsul de Portugal em São Petersburgo José Maria Roversi.
Com a notícia da morte do Marquês, houve algum pânico entre os comerciantes portugueses na Rússia; D. Domingos tinha-se socorrido daqueles para obter financiamento para as suas actividades, passando-lhes letras. Agora eles temiam que ninguém em Lisboa se responsabilizasse pelo pagamento das dívidas, tentando mesmo embargar a bagagem do Marquês, já embarcada no Pensamento Feliz que, devido ao mau tempo ainda se encontrava em Kronstadt.
Como já referimos atrás, D. Domingos tinha a preocupação de não onerar as contas da Fazenda Pública com algumas das suas despesas de representação. Por este facto, a sua viúva viu-se confrontada com dívidas, deixadas pelo marido e, para as quais, não tinha capacidade financeira para pagar.
Viu-se então na necessidade de apresentar uma longa petição ao Príncipe Regente em que, propunha que lhe fossem atribuídas duas comendas com cujas rendas poderia honrar as dívidas do Marquês.
Desconhece-se o que decidiu o Príncipe, mas a 9 de Fevereiro de 1803 o ministro António de Araújo de Azevedo, que substituíra Nisa, comunicou que o Cônsul Roversi dispunha de uma verba de 13.000 rublos que deveria remeter ao Real Erário por ordem da marquesa de Nisa; isto leva a supor que as contas do Marquês estavam saldadas. Apesar do esquecimento a que foi votado — o seu corpo nunca veio para Portugal (...) (1)
(1) José Rodrigues Pereira, Academia de Marinha, Memórias, 2015
Informação relacionada:
O ilustre almirante Marquês de Nisa, Revista da Armada, 2004
D. Domingos Xavier de Lima, 7° Marquês de NIsa (1765-1802, Revista da Armada, 2007
Academia de Marinha, Memorias
Mais informação:
Navios da Real Marinha de Guerra Portuguesa I
Navios da Real Marinha de Guerra Portuguesa II
etc.
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