Perspectiva das margens do Rio Douro subindo-se para a Cidade do Porto, G. Kopke dei. Porto, 1827. View of the banks of the River Douro on approaching the City of Oporto C G. Hammer sculp. Dresden. Imagem: Cabral Moncada Leilões |
Rio acima, as várzeas de Campanha, de Ramalde e de Avintes resplandeciam com as esmeraldas da jovem primavera; para a banda da Foz os ceiceirais de Val-de-Amores descaíam sobre a água como se ainda estivessem acoitando os traidores e vingativos barcos Del-rei R,amiro quando veio desde Galiza em busca da mulher que lhe tinha o mouro, porque ele tinha a irmã.
Entrance of the river Douro, Edward Belcher, 1833. Imagem: ICGC Cartoteca Digital |
Esse Val-de-amores, que depois foi Val-de-Piedade quando os Capuchos aí fizeram seu convento e o beatificaram com o devoto nome que ainda tem – hoje.
Convento de Santo António de Vale da Piedade (Gaia), Portuguese Scenery from Drawings, Joseph James Forrester, 1835. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal |
Oh triste, tristes tempos nossos! É Val de tanoeiros ou Val não sei de que, porque lhe fizeram da igreja um armazém, e da cerca tão viçosa e tão fresca. Algum mau campo de milho talvez.
Eu, ainda me lembra, e era bem pequeno, das tardes da trezena do santo em que aquela linda cerca parecia o jardim de Kesington ou o das Tulherias, de povoada que se fazia pelas mais belas e elegantes damas da cidade, por um concurso imenso de todas as classes e idades: naqueles treze dias o Val-de-Piedade tornava a ser o Val-de-Amores. (1)
(1) Almeida Garrett, Arco de Sant'Anna, Lisboa, H. Antunes
Mais informação:
Cabral Moncada Leilões: gravuras do Porto, colecção Eng.° Monteiro de Andrade
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