sábado, 8 de abril de 2017

Alcântara (a quinta e o palácio real)

Em 1520 foi construído um  hospital na horta de D. Jerónimo de Eça (Horta Navia) para combater a peste que assolava a cidade. A peste não impediu que se fossem instalando quintas nobres ao longo do Tejo; Alcântara situava-se então junto aos limites da já formada Freguesia da Ajuda.

Lisboa, Alcântara (Planta do Almoxarifado do Paço), 1848.
Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo

A Ermida de Santo Amaro foi iniciada em 1549 e ficou a servir de sacristia, tendo levado muitos peregrinos ao local.

Vista  de Santo Amaro e Perspectiva do lugar de Bellem, Dirck Stoop, 1662.
Imagem: British Museum

Ali será erguido, além do Convento da Nossa Senhora da Quietação das Flamengas (1586), o Convento do Monte Calvário, em frente ao primeiro, fundado por D. Violante de Noronha — filha de D. Francisco de Noronha com Maria de Azevedo e mulher de Pedro da Costa, armeiro-mor, em 1617 — e que hoje é a Escola Superior de Polícia; e o Palácio Real de Alcântara, destruído pelo Terramoto de 1755.

Viaje de Cosme de Médicis por España y Portugal (1668-1669), Villa Realle D Alcantara, Pier Maria Baldi.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

D. Filipe II nomeara D. Teodósio de Frias como arquitecto real deste Palácio, em 1603. O Palácio Real de Alcântara encontrava-se situado no lado direito da rua que sai do Arco para St.º Amaro, que em 1765 se denominava Rua de S. Joaquim, correspondendo à actual Rua 1.º de Maio, seguindo-se à então Rua Direita do Ferrador, actual Rua Direita de Alcântara [...] (1)

Lisboa, Alcântara, Grande Panorama de Lisboa (detalhe), Museu Nacional do Azulejo 01.jpg
Imagem: Histórias com História

[...] a rua do Livramento continua-se com a de Alcântara (...) onde está hoje o grande edifício que tem face para o Largo do Calvário e a Rua de Santo António, que era o velho Palácio de Alcântara ou do Calvário. Neste palácio, que foi primitivamente residência particular de um rico italiano, e depois "adquirida" por Filipe II de Espanha, habitaram D. João IV, D. Afonso VI e Pedro II. Foi aí que Afonso VI e Castelo Melhor se reuniram em 1662 para proclamarem revolucionariamente a maioridade do rei. (2)

Vista e perspectiva da Barra Costa e Cidade de Lisboa (detalhe),  Bernardo de Caula, 1763.
42 Cazas de Gaspar D de Saldanha; 43 Cazas e Pateo D de Saldanha; 44 Junqueira e q.ta da Condeça da Ega;
45 Forte da Junqueira; 46 Palacio do Cardeal Patriarcha; 47 Sam Amaro; 48 Quinta do Conde Daponte;
49 N.a S.ra de Bona morte; 50 Q.ta e Palacio das necefsidades; 51 O Con.to do livramento; 52 arrebaldo e Porta d'alcantara; 53 Buenas Ayres; 54 Pampouilla e S. F.a de Paula; 55 Jannellas verdas; 56 N.a S.ra da Lapaz; 57 N.a S.ra dos Navegantes; 58 As Tercenas B.ro do Mocambo; 59 Fraiguezia de Santos; 60 os Barbadinhos francezes; 61 os apostolos Caza da aula.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

D. Pedro II escolheu como sua residência o vizinho palácio de Alcântara e tornou-se Juiz perpétuo da Irmandade de Nossa Senhora da Quietação em 1694. Quando morreu deixou sepultado o seu coração na capela-mor da igreja das Flamengas estando ainda hoje o local assinalado por uma lápide. (3)


(1) Alexandre Honrado, As Flamengas (da Ordem das Clarissas)
(2) Ruas de Lisboa com alguma história cf. Guia de Portugal, Lisboa e arredores, Vol. I...
(3) Alexandre Honrado, Idem 

Artigos relacionados:
Romantismo e Patuleia na Quinta da Rabicha
Geração de 70 e Quinta da Rabicha

Leitura adicional:
Archivo Pittoresco, n.° 5, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 6, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 7, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 8, 1862
Archivo Pittoresco, n.° 23, 1862
A. Vieira da Silva, A Ponte de Alcântara e suas circunvizinhanças...
Os limites de Lisboa
Evolução histórica da Tapada da Ajuda
O palácio do Fiúza: memória de uma residência nobre em Alcântara...
Leonor Albuquerque, Estudo da Paisagem do Vale de Alcântara
José Azevedo, A memória na cidade e os baluartes de Alcântara...
Paixão por Lisboa
Ruas de Lisboa com alguma história
Histórias com História

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