quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O atelier do pátio da escola de Bellas-Artes

Nesta pequena composição [António Ramalho (1859-1916)] utiliza uma estreita faixa de casario existente no pátio do Museu da Academia de Belas-Artes, nas traseiras desta instituição.

Pátio da Escola de Belas Artes de Lisboa, António Ramalho, 1880
(descobre-se parcialmete o cimo da torre da igreja de S. Julião).
Imagem: MNSR

À esquerda, perfila-se parte da modesta construção que servia de atelier a Silva Porto (1850-1893) e que, anos mais tarde, após a morte do mestre, haveria de "herdar" [...]

Imagem: MNSR

Uma fotografia tirada no mesmo local, anos mais tarde (em baixo),  permite-nos observar como o sítio era na realidade e compreender como foi transformado na visão do pintor [...]

O pintor António Ramalho no atelier da escola de Belas Artes.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

O trabalho com o pincel, em pequenas manchas, permitiu-lhe fazer sobressair o efeito visual da luz intensa sobre as velhas paredes gastas dos edifícios da cidade.

O pintor António Ramalho no atelier da escola de Belas Artes.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Esse tema assim como o da distribuição das cores complementares das portadas, definindo e harmonizando as duas metades verticais da composição, transformam-se, desta forma, no verdadeiro tema pictórico desta pequena obra.

O pintor António Ramalho à porta do atelier e a vista do pátio pintada por este em 1880.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

No entanto, não resiste a introduzir uma pequena figura humana, sentada na soleira da porta, o que vem elucidar sobre a verdadeira natureza evocativa do local e, portanto, sobre a intenção naturalista das suas preocupações. (1)


(1) Alexandra Reis Gomes Markl, António Ramalho, Pintores Portugueses, Lisboa, Edições Inapa, 2004

Informação relacionada:
Ramalho Júnior, António Monteiro
Objectos listados em matriznet

Sem comentários: